Conheça o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) que explora a relação entre criação de empresas, empreendedorismo e desigualdade salarial.
A centralidade do empreendedorismo como fator de desenvolvimento económico reflete-se nas políticas públicas nacionais e regionais para apoiar novos negócios com uma componente inovadora. Associações entre municípios, empresas e universidades têm gerado parques de ciência e tecnologia e centros de incubação. A existência de casos de sucesso pode esconder elevada criação e mortalidade de empresas.
Da autoria de Rui Baptista (coordenador), António Sérgio Ribeiro e Francisco Lima, o estudo “Dinâmica Empresarial e Desigualdade” explora a relação entre criação de empresas, empreendedorismo e desigualdade salarial.
E procura responder a questões como:
- Será que o empreendedorismo gera desigualdade salarial?
- Quais são os setores e as regiões em que a desigualdade mais cresceu nas últimas décadas?
- E será a desigualdade salarial maior nas novas empresas?
Principais conclusões
A concentração geográfica de trabalhadores altamente qualificados e com experiência em profissões criativas ao nível tecnológico, artístico, e empresarial, facilita o contacto entre pessoas com níveis díspares de capital humano, pelo que tende a promover a aprendizagem e o empreendedorismo de oportunidade por parte dos trabalhadores com menores níveis salariais. Estes trabalhadores têm a possibilidade de ascenderem na distribuição de rendimentos criando empresas de sucesso baseadas no conhecimento adquirido por via da experiência profissional.
Por outro lado, a acumulação de capital humano criativo numa determinada região tende a aumentar a proporção de trabalhadores que recebem rendimentos do trabalho mais elevados, o que deverá agravar o custo de vida urbano (em particular da habitação), afastando as classes médias. Estas regiões apresentam uma elevada concentração de trabalhadores em profissões ligadas a serviços de caráter acessório e de baixo valor acrescentado, que auferem salários baixos, e são forçados a viver em subúrbios distantes do centro metropolitano por falta de recursos. Assim, as regiões urbanas com maiores níveis de crescimento económico e com maior proporção de trabalhadores com altos níveis de educação, que se dedicam a profissões criativas, registam também maior desigualdade nos rendimentos do trabalho.
A análise descritiva da evolução dos rendimentos do trabalho em Portugal, entre 1985 e 2012, permite concluir que as remunerações média e mediana aumentaram ao longo do período (em valores reais). O aumento foi mais acentuado para os trabalhadores que já auferiam rendimentos mais elevados (os 10% mais bem pagos) do que para os trabalhadores que ganhavam menos (os 10% com menores salários) e, inclusivamente, do que para aqueles que ganhavam um salário moderado (próximo da mediana). Este aumento da polarização dos salários foi acompanhado por um aumento da desigualdade salarial global (medida pelo índice de Gini) entre 1985 e 1994, passando a assumir valores relativamente estáveis após esse período. O aumento da desigualdade salarial (índice de Gini) é geralmente mais acentuado nas áreas metropolitanas, em particular na de Lisboa.
Para saber mais, consulte o Resumo que expõe as principais conclusões do estudo “Dinâmica empresarial e desigualdade”.
Fonte: FFMS